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Reflexões sobre a vida e o cotidiano. Aqui se encontra de tudo! Arte, poesia,banalidades, críticas e tudo o que faz parte da vida, inclusive o nada...

A Maternidade e o Eu

Olá Queridos! Andei revendo o blog e a mim mesma. Mais de um ano se passou...o blog parou,mas eu definitivamente, não. Andava por aí, realizando meus sonhos.
Foram tantos acontecimentos que para dar conta deles eu os matava no peito e seguia driblando a vida com meus passes meios loucos e irreverentes, não esperava marcar nenhum gol, mas apenas administrar diversos sentimentos....felicidade, euforia, ansiedade, medo, frustração, reflexão. Parecia estar numa espécie de transe....meio sem pensar, mas sempre pensando e não chegando a conclusão nenhuma, apenas vivendo. Sentia-me seca ou morta para a escrita...lembrei da Clarice Lispector relatando que quando não estava escrevendo ela se sentia morta e seca.... Não era possível gerar mais nada além de um filho dentro de mim. Isso já demanda muita energia, não é mesmo?
Afinal de contas eu também gerava a mim mesma, uma nova pessoa...
 Isso é fantástico na maternidade. Quando você gera um filho, seu lado materno também é  gerado e com ele você cria uma reconfiguração da sua vida. Reflete seus planos, suas relações, seu lugar no mundo... Você tem azia, náuseas, sono, ansiedade, fome , saudades de beber, de correr, de andar de bicicleta....O que antes era prioridade, hoje não é. Amigos importantes se tornaram banais...antigos posicionamentos se tornaram fúteis e o que mais importava, hoje já não importa mais.  
Você elabora o luto de partes suas que tiveram que morrer para renascer outras, além de elaborar o modelo de maternagem que recebeu. Enfim, é um turbilhão de hormônios junto com esse monte de  mudanças. Você parece um jarro com uma terrinha humilde...adubada com  a esperança desse monte de coisas se organizarem numa espécie de alquimia e assim nascer seu filho e você como uma nova filha, nova esposa, nova amiga, nova mulher e profissional.
Quando estamos em um furacão de acontecimentos e aqui no meu caso a maternidade, talvez seja uma boa estratégia, ligar o piloto automático e seguir, deixar para compreender depois. No olho do furação existe um vazio. Mas quem disse que no vazio não há beleza? Talvez devêssemos simplesmente, sentir... Porque as coisas irão se acomodar e só depois de tornarão inteligíveis. Ou não...existem coisas que são simplesmente para ser vividas e não explicadas...
Se pensarmos a vida como uma viagem perderíamos o hábito de  fotografar tudo para mostrar para os amigos ou para ver depois... Nós trataríamos de degustar  cada  momento e de contemplar a paisagem. Depois você compreende que são essas sensações no corpo que ficam na memória...aquela comida maravilhosa, um cheiro inesquecível, um momento marcante, uma vista de tirar o fôlego, na verdade é isso que fornece aquela lembrança gostosa da viagem... E as fotos? Dá uma preguiça de olha-las, organiza-las... São tantas....
Às vezes estamos tão focados no resultado que a caminhada passa em branco. Rubem Alves já falava sobre isso quando escreveu que não há prazer em um alpinista em pegar um helicóptero e chegar ao cume da montanha, para ele, alpinista, o que vale mesmo é a escalada... 
Degustemos nossa existencia,nossa maternidade, sem nos importar com os erros ou acertos... eles sempre irão existir e quando a reflexão chegar,se der, deixemos ela se chegar, vamos recebê-la sem cobrança...de repente ela vai embora sem deixar nenhum significado ou, ela nos presenteia com um belo insight que mudará nossa vida para sempre.  Talvez o importante seja curtir, o sorriso do filho, o dia em que dormiu sozinho, quando sentou, a paciencia que ele nos ensinou a ter, o respeito as exigencias que o seu corpinho nos impõe: a hora do sono,a hora de comer..são tantas as lições que isso nos traz,mas as vezes nem percebemos. Theo me ensino a viver um dia de cada vez, porque um dias tem muitas horas, e dentre as 24 se pode fazer muita, mas MUITA coisa, com ele aprendi a respeitar o meu  corpo,porque se estou irritada,pode ser fome ou sono, aprendi ter paciênca  com as minhas  limitações e a comemorar cada pequena conquista.....a volta ao blog é mais uma.

2 comentários:

Linda reflexão e postagem, amor! Fiquei aqui na reflexão de que existe um prazer intenso na superação. Como você falou, ao escalar uma montanha, o que importa é o caminho. Lembro do prazer intenso que tive ao passar em umas disciplinas terríveis do mestrado. Curioso isso...
E que desafio maior senão o de criar um filho! Eita! Deve ser por isso que nossos pais, quando questionados, não lembram de nada das partes difíceis (e acabam nos preocupando: "-Será que só é difícil comigo?").
São tantos detalhes, e é tanta dedicação por tanto tempo que quase não se vê o final desse desafio, o momento de olhar para trás e ver que valeu a pena.

 

Lindo post amiga. Saudade de suas reflexões. Estou feliz por sua conquista em voltar ao blog. Conquista pra vc, presente pra mim. Bjs amiga.

 

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